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Campanha Peixamento Educavida na Comunidade de Catadores da Iputinga



Este mês de junho a Campanha Peixamento conseguiu arrecadar o suficiente para atender o grupo de Catadores da Iputinga – União Faz a Força, graças à generosidade de doadores preciosos, sensíveis aos dramas que a pandemia tem ocasionado.



A Campanha Peixamento do Educavida, para captação de recursos, além da primeira distribuição de cestas básicas para esta comunidade neste ano de 2021, espera conseguir destinar recurso à aquisição de ao menos uma nova carroça para a comunidade.


Conheça um pouco mais desta realidade, e o lindo trabalho realizado por Eloísa Assunção e outros apoiadores deste grupo, através deste sensível artigo:


"O Empoderamento da Participação Feminina na Lida Diária das Catadoras de Materiais Recicláveis na Pandemia da Sars Cov-2


Maria, Maria, é um dom, uma certa magia Uma força que nos alerta Uma mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta...

Mas é preciso ter força, é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria Mistura a dor e a alegria”

Fernando Brant e Milton Nascimento.

Os versos da música Maria Maria refletem com sensibilidade e talento ímpar um retrato da força e determinação das inúmeras “Marias” que se espalham por este Brasil tão grande quanto diverso, tão rico e socialmente desigual, tão bonito e de tantas mazelas sociais, tão solidário e insensível. Estas contradições com as quais vivemos cotidianamente nos fazem normalizar o que deveria nos indignar.

A Pandemia global da Covid-19 exacerbou e expos ainda mais as vísceras desta condição de exclusão dos menos favorecidos. Neste cenário tão desolador se sobressai a grande força de vontade de seguir em frente das Mulheres Catadoras que mesmo em tamanha adversidade se unem para reunir força e executar a tarefa de buscar seus sustento na Coleta de Materiais Recicláveis.

Um retrato desta dura realidade é o trabalho que está sendo realizado na Comunidade da Iputinga que se auto denominam Grupo de Catadores União Faz a Força, composto por 22 mulheres em grupo de 33 catadores. Há cerca de 04 anos o grupo que atuava desarticuladamente coletando os materiais recicláveis no entorno da Comunidade da Iputinga, recebeu o apoio da SEDUH e do DETRAN, e pode ter acesso a uma orientação profissional para melhorar suas práticas de trabalho. Com este apoio vieram outras instituições como o CRAS do Cordeiro, através da Prefeitura Municipal de Recife, a ONG Cáritas, FEA – Fraternidade Espírita de Aldeia, UPE – Universidade de Pernambuco, entre outras, que se uniram para oferecer apoio institucional ao Grupo. Agora em junho de 2021, chegou a ajuda do EDUCAVIDA - Instituto Educacional para a Vida Sustentável. Foi ofertado também a oportunidade de participação no treinamento através do Projeto RESCATE que também forneceu EPIs e fardamento. Após a conclusão do curso de capacitação foram articulados contatos com empresas tanto para doação de materiais recicláveis como também sextas básicas de alimentos que lhes garantissem não passar pelo desespero da fome. No total ao longo de 2020 foram 08 rodadas de doação de sextas básicas para 30 famílias. Cada sexta básica incluía também kits de higiene, álcool 70%, sabonetes, absorventes, fraldas descartáveis e máscaras faciais.

Para entendermos o contexto atual destas famílias se faz necessário compreender que quando a Pandemia se instalou no País, a pouco mais de um ano, as Escolas foram imediatamente fechadas e as crianças foram as primeiras prejudicadas, pois ficaram sem ter acesso a merenda escolar, que na maioria dos casos lhes garantiam a essencial alimentação diária, cuidados e carinho dos professores, produtos de higiene, e o mais importante o convívio social com outras crianças.

Nesta segunda fase do trabalho além de “dar o peixe” o Grupo de apoio passou a receber a doação de recursos que foram integralmente destinados a aquisição de Carroças para facilitar e agilizar o transporte dos materiais coletados. Para quem não conhece como se dá a relação de trabalho destes profissionais vale aqui uma breve descrição: A rotina das catadoras se inicia diariamente com o trabalho de coleta de Materiais Recicláveis. Para transportar estes materiais os “Deposeiros”, que são os compradores dos materiais emprestam ou até alugam as carroças, desde que todo o material lhes seja destinado ao preço que estes comerciantes determinam, sem sequer pesarem adequadamente os materiais. Para o catador que precisa imediatamente daquele valor em dinheiro ao final do dia, muitas vezes para comprar comida, cria-se uma dependência perversa, uma espiral descendente de exploração do seu trabalho análogo a escravidão. Portanto, do ponto de vista do catador obter uma simples carroça que lhe permita transportar uma maior quantidade de material, lhe dá uma sensação de liberdade e empoderamento, sentimento este ao qual nos reportamos no Título deste artigo.

O próximo e decisivo passo neste processo de busca pelo fortalecimento deste coletivo de mulheres será a conquista de um local definitivo para armazenamento, triagem e acondicionamento adequado dos materiais recicláveis. Deste modo o que se pretende é que neste local o grupo possa desenvolver suas atividades em condições mínimas e dignas de salubridade, com uma área coberta para seu trabalho, com sanitários e banheiros para uso coletivo. A partir desta etapa acreditamos que uma nova fase do trabalho terá início através de uma relação mais profissional, organizada e sustentável, que lhes permita realizar a comercialização destes materiais diretamente para a as empresas do setor de transformação, quebrando-se assim o atual ciclo de adversidades e sacrifícios e inaugurando uma profícua e justa parceria dos catadores na inserção de um mercado global que na pós Pandemia visa um Planeta mais Saudável como preveem os ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável preconizados pela ONU."

Eloisa Elena (Educadora Ambiental e Articuladora Social da SEDUH)

Fotos de Felipe Salgado e Ricardo Magalhães.

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